Ecrãs, estereótipos e disparidades de género: um olhar crítico sobre as TIC na experiência estudantil na Universidade do Oriente (Cuba)

Resumo

O artigo analisa a forma como a utilização quotidiana das tecnologias de informação e comunicação no meio universitário contribui para a reprodução e reforço dos estereótipos de género, com base numa investigação realizada na Universidade do Oriente, em Cuba. O principal objetivo foi identificar as percepções dos estudantes sobre a violência de género em ambientes digitais, bem como as formas como estas práticas são naturalizadas na vida académica e social. Para o efeito, foi aplicado um questionário desenvolvido pela Cátedra Género e Sociedade, que permitiu a recolha de dados quantitativos e qualitativos a partir de uma abordagem transversal de género. Os resultados revelaram a persistência de expressões de controlo digital, objectificação e violência simbólica, sobretudo em relação às mulheres e às pessoas não heteronormativas. Verificou-se também uma reduzida consciência crítica destas questões, o que reforça a sua normalização no quotidiano universitário. A investigação revelou a urgência de promover acções de formação, estratégias institucionais e quadros regulamentares que abordem as desigualdades de género na esfera digital a partir de uma perspetiva feminista e de justiça social. Estes resultados afirmam que o acesso equitativo às TIC não é suficiente; é essencial transformar as estruturas simbólicas e culturais que sustentam a violência digital, a fim de avançar para uma universidade mais inclusiva.