Para além do testemunho: uma intervenção estético-política a partir das margens na obra Quarto de despejo. Diário de uma mulher que estava com fome, de Carolina María de Jesús

Autores

  • Lisbeth Lima Hechavarría Instituto de Literatura y Ciencias del Lenguaje (ILCL) de la Pontificia Universidad Católica de Valparaíso (PUCV), Chile

Palavras-chave:

literatura marginal, feminismo negro, subalternidade, testemunho.

Resumo

Este artigo examina Quarto despejo. Diario de una mujer que estaba hambre (1963), de Carolina María de Jesús, como uma obra que transcende o gênero testemunhal para se tornar uma intervenção estético-política. O estudo se concentra em como, por meio da escrita de um diário, uma mulher negra moradora de uma favela e mãe solteira desafia as hierarquias de raça, gênero e classe no Brasil de meados do século XX e sua recepção subsequente. O objetivo principal é analisar como a autora redefine o testemunho como ato de autoria e resistência, desestabilizando os parâmetros do cânone literário. A hipótese é que seu diário não apenas documenta a pobreza, mas também valida a produção de conhecimento a partir das margens, antecipando os debates contemporâneos sobre subalternidade e feminismo negro. O estudo conclui que a narrativa de Carolina María de Jesús, seu posterior silenciamento e sua reinterpretação pelo Movimento da Literatura Marginal e pelo Feminismo Negro revelam a persistência do racismo estrutural e o poder político das vozes subalternas.

Referências

De Jesús. C.M. Quarto de despejo. Diario de una mujer que tenía hambre. Editorial Abraxas. 1968.

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Publicado

2025-09-16

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